domingo, 1 de fevereiro de 2009

Neurótica?!?

- Acho que tem algo a ver com o lado esquerdo do meu corpo...

Joana tinha acabado de sair do banho e se analisava diante o espelho. Não conseguia entender por que Felipe tinha sumido daquele jeito. Será que tinha sido alguma coisa que ela fez? IMPOSSÍVEL. Ela sabia que desta vez não tinha cometido um erro sequer e, se ele sumiu é por que tinha acontecido alguma coisa.

Estava pensando nisso a semana inteira e não se convenceu com nenhuma das possibilidades. Ate que começou a se analisar nua diante o espelho e descobriu que todo o lado esquerdo do seu corpo tinha alguma imperfeição.

A sobrancelha tinha três fiozinhos que insistiam em ficar arrepiados (por mais que ela tentasse ajeitar).

O seio esquerdo era bem menor que o outro e provavelmente Felipe que sempre elogiou seus seios sumiu quando notou esta diferença.

Na conseguia parar de encontrar defeitos em si mesma ate que o telefone toca. Ela ignora acreditando que poderia ser alguma amiga a convidando pra sair. Era noite de sábado. As amigas sabiam que ela estaria sozinha talvez pensassem em ir a alguma festa. Ignorou o telefone e deixou que a secretaria eletrônica atendesse.

Quando ouviu a voz que vinha pelo telefone gelou e ficou paralisada. Aquela mesma voz que já havia dito a ela as coisas mais lindas que uma mulher poderia sonhar. Aquela mesma voz que a deixava arrepiada. Felipe... era o FELIPE...

Correu mas ele apenas deixou um recado rápido e meio nervoso. Na verdade muito rápido e muito nervoso:

- Olá, está por aí?? Só liguei pra dizer que estou vivo!!

Isso realmente a deixava mais tranqüila, mas por que ele não a esperou? Talvez estivesse acompanhado... isso a fez pensar na única coisa que ainda não tinha passado pela sua cabeça.
E se ele fosse casado??

Certamente isso explicaria muita coisa. Todas as noites em que ele estava com o celular desligado. E sempre a mesma desculpa pra este péssimo habito. Ele sempre dizia que se deixasse ligado o pessoal do trabalho não pararia de enchê-lo.

Todas as noites de sexta e sábado que não podiam se ver...

Agora tudo fazia sentido. SIM! Felipe era casado.

O problema não era Joana e todas as imperfeições do seu lado esquerdo. O único problema era o anel que ELE usava na mão esquerda.

Agora era uma questão de honra. Pegou o telefone e ligou pra ele. Depois de alguns minutos uma mulher atendeu. Estava confirmado!! Provavelmente era a esposa. O sangue lhe subiu ate a cabeça, mas manteve a calma e perguntou se aquele era o telefone de Sr. Felipe Machado e se poderia trocar duas palavras com ele. A mulher o chamou meio desconfiada, e certamente ficou ao lado dele durante o telefonema.

Joana foi seca, como nunca tinha sido antes (não com ele) e apenas disse que ele fosse encontra-la ao meio dia de domingo no mesmo restaurante de sempre.

Azar o dele! Ele que desse um jeito de fugir da mulher no meio do domingo.

Ela passou a noite escolhendo a roupa. Pensando em que palavras usaria, de que forma se dirigiria a ele e principalmente como diria que sua fraude havia sido descoberta.
Se sentia suja. Como ele conseguiu engana-la por tanto tempo?? Casado. Agora ela tinha certeza que ele era casado e iria colocar um fim na historia dos dois.

Ele não conseguiu dizer uma palavra sequer. Joana nunca tinha ligado pra ele. Aceitava o fato de o telefone estar desligado. Mas mesmo assim iria ao encontro. Era uma oportunidade de explicar sobre a viagem de trabalho que fez às pressas e o telefonema que caiu minutos antes da ligação dela.

Já tinha passado vários domingos longe da mãe mesmo.
Esta só seria mais uma oportunidade de estar ao lado da mulher que ama...

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